quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Selecciona e e tornarás as cores mais esperançosas



Não sei o que fazer. Parece que tudo vai correr mal. Parece que de repente nada pode melhorar. Tudo o que havia era bom, era razoável e queria-se melhor. Agora tudo parece ter só a possibilidade de piorar. Aquilo que, ainda que a muito custo, parecesse garantido, deixa de ser agora para mim. Não sei mais que rumo vou tomar. Não sei mais que caminhos me vão aparecer para percorrer, não sei mais com o que posso contar. Não sei sequer se me sinto bem. Não sei se deveria. Ainda não caí ao fundo, mas pensar que estou na esquininha do poço, já inclinada para cair, e apenas presa à cintura por um fio muito fino e fraco, leva-me a crer que a qualquer momento posso cair. Qualquer momento, na realidade, pode ser não um segundo, mas sim uma questão de dias ou poucos meses. Mas nem tudo são lamúrias. Já me virei cuidadosamente para trás, presa nesse fio, e tentei engrossá-lo com os recurso que tenho. Tentei enfortecê-lo. Por agora ainda não notei nenhuma diferença. Continuo a sentir-me presa pela mesma intensidade com que o fraco fio me segurava. Resta saber se há diferença depois na sua consistência. Será que no momento em que a gravidade não perdoar mais e me puxar fortemente para baixo aquele fio ainda terá resistência para me manter segura? É isso que eu não sei. Não sei se a minha tentativa de me salvar terá servido para alguma coisa ou se terá sido em vão. Pelo menos, enquanto o fiz, distraí-me aqui no alto deste poço. Mas e se o fio não tiver mesmo mais força e eu cair? Não há mais ninguém aqui que me possa dar a mão para que eu me mantenha ao nível normal e não me afunde poço abaixo. Eu não quero ir para lá, porque lá o espaço é muito pequeno. Não dá para eu crescer, não dá para me movimentar, não dá para fazer uma vida normal. Uma vez caindo lá, será muito difícil atingir a superfície. O ar cada vez cobre mais os poços com as poeiras que vagueiam por aí. Ficarei coberta à medida que o tempo passe e só me restará limitar-me à minha pobre condição de existência sem objectivo. Não quero chegar a esse ponto. E porque é que a vida me há-de dar tantos ‘nãos’ sem me conceder nenhum ‘sim’? Não justificarei este texto. De forma nenhuma. De nenhuma forma que esta palavra possa ser interpretada. Este texto serve-se de si só. Tem as respostas em si, ainda que escondidas nas próprias palavras. E quanto ao seu formato, deixai-o ser irregular e assimétrico, pois irregular é também o futuro que aí virá e são também as minhas dúvidas e os meus pensamentos. Deixai que este aglomerado transpareça aquilo que é. Assim mesmo, irregular, não objectivo, não claro. E em tudo isto se resume o que transcrevi do meu pensamento para um papel digital com, ironicamente, letras perfeitas.
Quanto a mim, aqui presa por este fio, ainda não posso contar o fim, porque nem eu sei como será.

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