sexta-feira, 28 de outubro de 2011

É enorme o carinho que te tenho, o sentimento que nutro por ti. Sorte a minha teres passado pela minha vida e teres permanecido. Sorte a minha ter pensado que nunca te amaria e afinal depois me ter apaixonado até o sentimento amadurecer e se fortalecer até aquilo que temos agora. Julgo ter a certeza de que não terei mais nenhum companheiro na vida a não seres tu. Pelo menos, é o que quero. Sei que muita coisa muda, porque a vida é inconstante apesar de permanente. No entanto, tenho noção do que ambos sentimos e do quão forte e bem estruturado é, por isso, confio plenamente na saúde eterna deste amor. Amar traz-nos a um nível superior, um nível em que muita coisa, que antes se ficava pela mera ficção, se torna compreensível, em que se passa a entender, a pouco e pouco, conforme as coisas avançam, todas as manifestações de carinho entre um casal. Todo o tipo de coisas, como gestos, palavras, problemas, carinhos, olhares, ... Tudo o que antes parecíamos entender por ser habitual ver, por ser a nossa cultura, por ser a forma como vemos que se manifesta o carinho entre duas pessoas à nossa volta, deixou de ser apenas isso, deixou de ser algo que apenas parecesse que entendíamos. Tudo passou a ser parte de nós, à nossa maneira, pois cada indivíduo é um ... indivíduo e, como tal, as pessoas têm diferentes formas de manifestar os seus estados emocionais, os seus sentimentos, ... Ainda assim, há uma base que assenta em todos, e por isso agora percebemos tudo, porque passou a ser uma experiência própria. Fico feliz por nós. Estás sempre comigo, quer estejas físicamente ao meu lado ou não. Sorrio mesmo sem te ver ou te ouvir ou te sentir. Basta lembrar-me de nós.
I'll never leave you
I'll never put behind
The one whose love is true
And besides, is always in my mind

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Homem da Rua

Homem que estás estendido,
com meios farrapos vestidos,
visionas calor à tua volta,
mas calor este que não te envolta.

Ninguém te sopra um bafo,
ninguém te deixa safo,
nem ninguém te dará um abraço.
Confesso que nem eu...

Se vagabundo és, não sei.
Além dos meus olhos 
há coisas que não vejo.

Não importa como chegaste a esse estado.
Todo o errante é ser humano.
E assim emerge em mim uma tempestade,
um desassossego soberano.

Parte de mim foi-se
e no meu coração impera outra alma,
como se o mal que lhe faz mal
me retirasse a mim a calma...

E decerto ma tirou,
ainda que o não conheça
e por isso me deixou 
às avessas a cabeça.

No meio de tanto alvoroço,
de toda a agitação daquelas pessoas,
há quanto tempo não terá um almoço,
uma casa e pessoas boas?

Dou por mim, inocente,
a chorar no meio da multidão,
sabendo eu, bem ciente,
que não lhe podia estender a mão.

Naquele ombro que sempre tive,
desde que fui semeada,
deito a minha cabeça, fech'os olhos
e por ela sou guiada,

porque não consegui conter 
toda a minha emoção
de ver distinguido ali a sofrer
um que dizem ser meu irmão.

Não mais a tarde será a mesma
com esta desassossegada mente,
que se emocionou ao ver à frente 
tal imagem decandente.

E os meus olhos assim choram
pela dor alheia do meu semelhante,
as minhas bochechas coram
e fico neste semblante.