Pela minha trémula face, num acto não reflectido de expulsão dos sentimentos, escorrem pingas de água e cloreto de sódio vindas do mais âmago do meu ser. Ainda assim, contenho essas mágoas para que o choro não saia tão descontrolado como se tivesse acabado de vir de um afogamento tentando respirar tossindo água salgada.
Não queria chorar...mas o meu interior sentíu que tinha de o fazer. Não há forma de impedir natureza tão forte como o nosso interior, ou deverei dizer fraco interior? Se chora, é porque está fragilizado. Se está fragilizado é fraco. Logo o interior que chora é fraco. Mas se este não está ao alcance de ser comandado, é forte. Dessa forma, se não há maneira de obstar o interior, ele é forte. Então não sei. Estou num impasse. A razão pela qual escrevo também se deve ao meu interior. O que descrevo faz libertar um pouco do que sinto. Um pouco de sinto fica liberto pelo que descrevo. E agora, pensando em como desempatar a dúvida acerca do interior, pensei que se ele faz estas coisas para soltar os sentimentos e se acalmar, então ele é forte pois não se resigna a ficar com essas pedras em espaços onde poderiam permanecer aberturas pelas quais eu poderia caminhar.
Sendo assim, cheguei a uma conclusão. O interior tem fraquezas, mas se não nos quisermos resignar a condições que nos impedem de nos sentirmos realizados, o nosso interior trata de agir com o material forte de que é feito deitando para o exterior de dois mares agitados os esgotos que planavam no interior. Chorar é assim.
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